Só faço questão de ver primeiro capítulo de novela do Gilberto Braga. Aquele tom de “vou botar pra quebrar” dele me pega. Sempre posso esperar porrada, sacanagem, uns absurdos e uma vulgaridade meio Almodóvar. Como se toda aquela bobagem fosse mesmo necessária, bacana, indispensável. Pra comentar no dia seguinte.
“Cê viu aquela mulher? Gostosa, pacas. E as bichonas?”.
Já o Silvio de Abreu também me deixa curioso. Seu amor pelo cinema é cativante. Certeza encontrar referências, gente conhecida, uma baita batida dramática, escracho e uma paisagem paulistana meio brega (longe do cartão-postal perfeitinho carioca).
A estréia de “Bel…”, quer dizer, de “Passione”, não foi diferente. Terreno conhecido. Pizza e vinho da casa. Manda!
Alívio poder observar uma multitrama com heróis, casamento, funeral, calhordas de bigodinho… E tudo acontecendo no seu lugar. Coisa pra cacete em uma hora.
Quem já se atreveu a pensar em alguma história sabe o perrengue que é isso.
Deixem os argentinos com seus segredos. Os americanos com os blockbusters. Os europeus com a esculhambação. Os asiáticos com a inovação. Nóis sabe mesmo é fazer novelão!
Já li uma turma aí detonando o Silvio logo na estréia. Bom, quanto ao preciso roteiro de seu sopão, jogo aqui, de forma bem inconseqüente, algumas coisas que me fazem gostar do começo de “Passione”:
– os paulistanos (e todo mundo, na verdade) falam italianado; qual é o problema? Deveriam falar chinês só pra concordar com a nova ordem mundial? Meia mussarela pá nóis! É uma homenagem, moçada. A novela carrega o nome de “Passione”, meu Deus! E aquilo soa autêntico para a trama;
– teve “Crua”, do Otto, como trilha de uma corrida de bicicletas por São Paulo! Caramba. Nem sabia que tinha corrida desse tipo pelas avenidas… Quanto mais com o Otto. E deu pra ver o Estilingão;
– Fernanda Montenegro no elenco. E como chora hein? Sério, Fernanda é Fernanda. A turma fala, por exemplo, que Roberto Carlos é rei. Não é. É um sujeito engraçado que ainda acha que faz música. Fernanda sim é rainha aos 80 anos. (ok, quis ser agressivo à toa; é que esse negócio de chamar o Roberto de rei e fazer exposição na Oca me irrita);
– homenagem ao cinema italiano. Tony Totó Ramos vendo imagens de Mastroianni e Sophia Loren no meio de uma praça da Toscana. Vale o choro e aquele temporal no fim;
– Leandra Leal. Que força tem essa menina. Acho que é aquela pinta;
– multimilionário que, antes do último suspiro, balbucia pra esposa: “o segredo tá no cofre”… Pô, isso é demais! Novela tem que ter nego morrendo falando “o segredo tá no cofre” (com duplo sentido);
– filho de chofer que deve herdar a empresa; Vai me dizer que você não acha isso supimpa?
– Mariana Ximenes transando num apartamento com vista para o Minhocão (reparem que quando vão trepar, a imagem funde com um parafuso entrando numa roda de bicicleta – yes!);
– Vera Holtz caprichando no sotaque caipira enquanto empilha caixas de verdura. Isso sim é núcleo engraçado, meu;
– Mulher grávida casando e dando luz no altar…
Vai lá, Silvio. Ôrra, manda brasa!
Quero ver quando esse malandro fizer seu “8 e ½” na Globo. Aí sim teremos um clássico.

Taí um cara que sabe assistir novela.
Não vi o capítulo. Vou ver por sua causa.
Beijos
Aí é muita responsabilidade. Ficou legalzinho. Nada que a Turma do Kibutz não conseguisse pensar. 🙂 Beijos.
Rararara, muito bom!
A primeira semana ainda consegue se superar.
Confesso que vi uns trechos e desisti, deu uma pregruiiiiiiça…
Gente na Itália falando português, Carolina Dieckman fazendo a simpática e segredos ao pé do ouvido são fórmulas tão obsoletas que, juro, ninguem aguenta mais.
Quer saber uma novela que achei melhorzinha? A Favorita. Ao menos a gente via vilões se dando mal antes da última semana.
Seu livro tá uma delícia de ler, me sinto uma mosquinha no banheiro masculino, no bom sentido, calaro!
Besos querido, me notifique das novas postagens pls.
Nic
Fiz o inverso com “A Favorita”. Só assisti o último capítulo. Mas gostei. Um ou dois episódios por novela tá bom né? Legal que gostou do livro. Continue zunindo por lá. Beijos.
Vera Holtz caprichando no sotaque caipira? Essa é a cena mais engraçada de toda a TV brasileira dos últimos tempos. Pode apostar como a personagem dela pega facinho, facinho. Isso q nem assistir a novela, hein?