A beleza de “O Escritor Fantasma”

E não é que o polonês tá afiado? A história, a rapaziada já conhece. Roman Polanski deu um trato final a esse “O Escritor Fantasma” enquanto aguardava decisão da justiça sobre possível extradição para os Estados Unidos – onde é acusado de estupro.

Bem, ele continua esperando uma resposta. Só que agora em seu chalé na Suíça.

Alguém escreveu que o Polanski adora fazer cenas gaiatas. Bingo.

O que mais encontramos em seu novo filme é esse humor sacana, fanfarrão.

Estão lá a paranóia, o crime, a injustiça e o exílio. Só que tudo lapidado com extrema elegância e ironia.

Méritos também para o autor e roteirista Robert Harris, que conseguiu transformar, com a ajuda de Polanski, seu livro “O Fantasma” em um baita longa-metragem.

O começo é arrasador. Uma balsa, um carro abandonado, uma tempestade, um mar revolto e… um corpo batendo na areia. Suicídio ou assassinato?

Um “whodunit” de primeira, com suspense no meio de uma trama que envolve espionagem, CIA, crimes de guerra e personagens conhecidos.

Em cinco minutos de filme já esfregamos as mãos e dizemos baixinho: “yes!”. Eita dinheirinho bem gasto, sô.

Tudo tão bem amarrado (e com grandes interpretações) que qualquer coisa escrita aqui pode virar spoiler.

“O Escritor Fantasma” segue com muito charme uma daquelas regrinhas básicas de um bom roteiro: “deixe a platéia somar dois mais dois”.

Pistas vão se acumulando, personagens sólidos aparecem, telefonemas se seguem e você ali, quase decifrando o enigma.

E quando tudo acontece, é daquela forma surpreendente, mas inevitável. Eis um grande filme.

Apesar de tudo, Polanski não perdeu a fé na beleza do cinema.

Abaixo, um dos momentos mais ternos e emocionantes de um homem exaltando a imponência feminina nas telas.

Uma cena de extrema elegância, que infelizmente se revelou trágica, do filme “A Dança dos Vampiros” (1967).

É o jovem Polanski de quatro ao encontrar Sharon Tate (uma das figuras mais lindas da história do cinema) numa banheira.

Eis o que o polaco sabe fazer como poucos: saudar o belo mundo das imagens.

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