Brasil precisa de “Bolsa Comédia Romântica”

Só pode ser coisa de espírito zombeteiro.

Por duas vezes tentei assistir ao filme “Nosso Lar”, de Wagner de Assis.

Em ambos os casos, quando a simpática mocinha perguntou “qual filme, por favor?”, eu recuei feito time comandado pelo Dunga. Joguei na retranca e mudei de tática.

Assim, num dia pedi uma comédia francesa que começava no mesmo horário (“Enfim Viúva”, de Isabelle Mergault, com a, como diria Ronnie Von, bonitinha Michele Laroque); no outro, fui de “Amor à Distância”, de Nanette Burstein.

Tenho medo. Porque da próxima vez que resolver conferir como é o umbral, posso parar em “Resident Evil 4”.

Por que não consigo ver o “Nosso Lar”? Espiritualmente, algo me diz que estou sem paciência para coisas do outro mundo. Mas, empiricamente, creio que falta em língua portuguesa aquela bossa mezzo Woody Allen, mezzo Judd Apatow, enfim, filmes que dêem prazer (tanto estético quanto ético) e pareçam descompromissados.

Sabe o tipo de obra que depois passa trocentas vezes na TV e você sempre vê um pedaço?

Cavando ainda mais o buraco da polêmica: onde estão as comédias românticas produzidas no Brasil?

Sim, porque às vezes é só isso que você quer quando decide adquirir um ingresso.

Esse é um gênero capaz de dialogar com o presente e levar pessoas para as salas.

E mais: ele depende quase exclusivamente de um bom roteiro e excelentes atores. Temos de sobra a segunda opção.

Quem não gosta de desopilar o fígado com algumas risadas, dois beijinhos e certa festa?

Então, nada melhor do que desandar a fazer deliciosos filmecos de amor engraçadinhos, embalados por uma trilha esperta e briguinhas sarcásticas (além de meia dúzia de sequências cafonas, por que não?).

Não consigo entender como essa terra do Lula, tão pujante segundo a publicidade, não tenha um “O Diário de Bridget Jones”, “Um Lugar Chamado Notting Hill”, “500 Dias com Ela”, etc.

Achei que o simpático “Apenas o Fim” (2008), de Matheus Souza, tinha sido o começo de uma onda assim. Mas parece que não.

Uma dica para os Eikes Batistas: criem o “Bolsa Comédia Romântica”.

O retorno é garantido. Até a porcaria do “A Mulher Invisível”, do Claudio Torres, lotou as salas.

E nada de usar o dinheiro público. É a chance da indústria cinematográfica nacional viver sem o Estado.

Voltando ao “Nosso Lar”, fiquei bem satisfeito com a opção pelo filme com a Drew Barrymore e o Justin Long (o tal “Amor à Distância”). Uma bobagem cheia de referências, jovem, alegre, até mesmo com piadas bem urdidas.

É bom? Não. Mas que prazer assistir a diálogos estruturados e dinâmicos.

Por isso acho que o Brasil tem que fazer comédias românticas aos montes.

Esqueçam o Oscar. Vamos primeiro faturar tudo no Sundance (festival de cinema independente norte-americano).

Pra encontrar coisa bacaninha, tosca e feliz com cara de Brasil, o negócio é recorrer ao youtube.

Tem uma boa em cartaz na rede.

Vi a trajetória na coluna “Escuta Aqui”, do jornalista Álvaro Pereira Júnior, na “Folha de S.Paulo”.

A história é rápida. A banda francesa Phoenix tem uma energética canção chamada “Lisztomania”. Uma turma dos EUA fez um clipe não-oficial usando a música e imagens de filmes roteirizados pelo John Hughes (“Clube dos Cinco” (1985), e “A Garota de Rosa-Schocking” (1986)). Aí, jovens de diversas localidades começaram a imitar a brincadeira, filmando pontos de suas cidades e espalhando tudo pelo globo.

Agora surgiu a versão do Rio de Janeiro.

O vídeo tem algo que esperamos de uma comédia romântica, ou seja, pessoas tentando se divertir um pouco.

Olha aí. Na verdade, faço um adendo. Poderíamos ter “Bolsa Comédia Romântica Estilo John Hughes”.

Para viabilizar as obras, já temos cenário e atores. Só faltam as histórias.

O ORIGINAL

http://www.youtube.com/watch?v=HFOEkwk4LyU&feature=related

NY

http://www.youtube.com/watch?v=U1ywFh2AZLg&feature=related

RIO

http://www.youtube.com/watch?v=lNUcjfXZumo

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