“A Estrela do Diabo”

 

Resenha do livro A Estrela do Diabo, de Jo Nesbo (foto acima), publicada na edição 60 da revista Rolling Stone.

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O sueco Stieg Larsson colocou a literatura policial escandinava sob os holofotes ao vender milhões de exemplares da sua trilogia Millennium. Desde então, o céu dos autores nórdicos ficou tomado por editores e olheiros caçando um novo fenômeno literário – ele pode vir de páginas de países distantes como Suécia, Dinamarca, Islândia ou Noruega.

Agora, quando o terrorista Anders Breivik provou que sociopatas e psicopatas criam raízes até mesmo em lugares considerados ideais para a vida humana, é a vez da ficção da Noruega ganhar o centro do noticiário.

É na capital deste país, Oslo, que vive o inspetor Harry Hole, taxado de “casmurro, bêbado e enfant terrible” – e herói de outros oito livros. Obcecado pela morte de sua parceira de profissão, tomando todas em pubs temáticos e pressentindo que logo mais vai perder o emprego e a namorada, ele parece ter encontrado uma saída: desistir.

Mas estamos no verão, com o país em férias coletivas, o calor derretendo as ideias e mulheres bem torneadas andando de biquíni. Bom momento para um serial killer aparecer, matar pessoas com um tiro na testa, arrancar um dedo de suas vítimas e deixar no local do crime um diamante vermelho de cinco pontas. Azar de Harry, que é chamado para ajudar o empertigado detetive Tom Waaler nesse caso.

O autor Jo Nesbo – também economista e cantor de banda de rock – é detalhista (mas não prolixo ou tedioso) e constrói com enorme talento sua dupla de protagonistas. Além de ter um mistério bem arquitetado, o livro jamais abandona os coadjuvantes, criando uma grande rede de personagens interessantes e críveis.

Com elegância, bastante tensão e algumas ampolas de sangue, o autor também acerta em cheio ao desvendar policiais corruptos que pretendem limpar uma quente Noruega. Como diz um dos personagens: “Oslo já não é mais como antes”. Pelo jeito, Harry Hole terá muito trabalho pela frente.

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