Divulgados recentemente, dois trailers de comédias, quando colocados lado a lado, dizem bastante não apenas sobre seus respectivos filmes, mas também sobre como o humor é pensado em diferentes partes do mundo.
Ainda acredito que vão inventar esta carreira: a de crítico de trailer. Num planeta dominado pela rapidez de opiniões, nada mais coerente do que dizer se algum longa-metragem é realmente bom ou não após assistirmos a um extrato, uns dois minutos de sua duração original.
O trailer é o Twitter dos filmes. É como chutar as qualidades ou possíveis defeitos de Crime e Castigo, de Dostoiévski, após ler os 112 caracteres de : “Nos começos de julho, por um tempo extremamente quente, saía um rapaz de um cubículo alugado, na travessa S…”.
Mesmo sabendo disso, é tentador fazer uma projeção e imaginar o tipo de humor que esses dois produtos cinematográficos podem oferecer. Ambos lidam com personagens históricos conhecidos e fazem referências a fatos relevantes e reais. Os dois também trazem uma irreverência considerada mais chula e agressiva e brincam com celebridades.
The Dictator, dirigido por Larry Charles (Bruno, Borat e episódios de Curb Your Enthusiasm), traz Sacha Baron Cohen (Bruno, Borat) vivendo um ditador que se dedica a oprimir com bastante competência o seu alienado povo.
As Aventuras de Agamenon, o Repórter, de Victor Lopes (documentarista moçambicano radicado no Brasil), mostra como o jornalista Agamenon Mendes Pedreira (Marcelo Adnet/Hubert) conseguiu a proeza de presenciar dezenas de fatos históricos.
Por essas piadas e pequenas pistas de como é a narrativa, seria possível dizer que o brasileiro aposta em infindáveis (e gastos) trocadilhos enquanto o norte-americano soa bem mais contundente e provocativo?
Conseguimos dizer que Megan Fox é uma mocinha bem mais atraente que a Luana Piovani? Ou que Sacha Baron dá um pau em Adnet/Hubert? E que tal a competência das imagens? The Dictator é suntuoso enquanto Agamenon beira o constrangimento com efeitos toscos?
No tempo em que o mínimo já é muito, um simples trailer pode ser uma peça de estudo sobre a história da cultura. Vamos ver.

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