Apenas cinco anos após co-estrelar Superbad, Jonah Hill é o cara.
Seus três últimos filmes o colocam numa posição privilegiada entre as novas estrelas do cinema. Aos 28 anos, o ex-gordo (por enquanto) consegue agora aquele delicado equilíbrio entre papéis cômicos pesados e dramas de responsa.
No seu longa mais recente, Anjos da Lei, de Phil Lord e Chris Miller, ele dá um passeio no seu parceiro Channing Tatum – que não é ruim. Acostumado em ser o zoado de uma dupla, mister Hill está confortável no papel de um policial deslumbrado que precisa se infiltrar anonimamente numa escola para desbancar uma rede de tráfico.
Produzido e com história de Hill, o filme é engraçadíssimo e cheio de boas sacadas (os trechos com piadas sobre química e drogas são bem inspirados).
Anjos da Lei também consegue captar com bastante eficácia o espírito jovem do nosso tempo. O roteiro trabalha com essa inversão de valores, algo muito recente, quando a molecada passou a ser vegan, cultuar coisas do passado e desprezar os fortões (culpa do Glee?).
Esse trabalho de resgate da antiga série Anjos da Lei vem com uma roupagem bem interessante, cheia de citações e metalinguagem, falando muito bem com seu público.
(No Brasil, temos um certo descompasso no cinema, principalmente com os jovens. Parece que sempre estamos atrasados, discutindo velharia, fazendo coisas que não interessam.)
Seja vestido de Peter Pan ou fazendo um hilário solilóquio com a imagem de um Jesus coreano, Hill sempre alterna com eficiência silêncios constrangedores e momentos de verborragia. Sua figura adolescente também ajuda na composição de tipos desconfortáveis, que parecem estar permanentemente à margem.
Antes de Anjos da Lei, ele encarou sozinho um fracasso: The Sitter, de David Gordon Green, é um solo e foi mal de público e crítica. Hill faz Noah Griffith, molecão bacana, mas meio otário, louco para transar com a namorada. Ele acaba tendo que cuidar por uma noite de três das crianças mais bizarras da América.
O filme joga pesado com a meninada. Os chistes passam por pedofilia, sexo oral, sadomasoquismo, problemas com os imigrantes, homossexualismo infantil etc. Bom, Hill fica parte do filme carregando um pote de cocaína com as crianças.
E o pessoal aqui preocupado com a piada do Rafinha Bastos sobre o bebê da Wanessa…
Pena que toda a ousadia cômica é desperdiçada no meio de confusas cenas de ação, situação recorrente no cinema de David Gordon Green (já aconteceu em Your Highness e Pineapple Express).
Porém, Hill prova que tem cacife para levar um filme sozinho, transitando também com leveza pela comédia romântica.
Fechando a trinca, ele agarrou uma indicação ao Oscar por O Homem que Mudou o Jogo, de Bennett Miller. Fazendo o matemático Peter Brand, Hill conseguiu sua performance mais completa, jogando com seu humor, timidez e se aproveitando muito bem da parceria formada com Brad Pitt – e dos baitas diálogos de Aaron Sorkin.
Aliás, é difícil escolher qual o melhor parceiro de Hill. Ele também fez grandes duplas com Michael Cera, Russel Brand e John C. Reilly.
Taí um ator bacana pra gente continuar seguindo com atenção.

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