Bons momentos de 2012 – Parte 1

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Claro, ainda não podemos contar com Lincoln, Django Unchained, Life of Pi, Zero Dark Thirty, Silver Linings Playbook etc. Mas já dá para listar algumas coisas interessantes deste ano. Abaixo, uma primeira seleção. Na parte dois, Holy Motors, Kiarostami, The Newsroom e outros.

007 – SKYFALL
Toda a sequência final, na fazenda de James Bond, com aquele climão de filme de terror, merece figurar como uma das melhores cenas de toda a história do agente secreto inglês. Para deixar tudo com cara de festa, a direção de Sam Mendes e o roteiro de John Logan fizeram a turma chorar com a despedida da melhor bond girl que já existiu: Judi Dench. Um longa cheio de conexões com o mundo contemporâneo e lotado de homenagens para quem ama a série. Entregaram o pedido direitinho.

LOOPER e SAFETY NOT GUARANTEED
Looper, para mim, foi a surpresa do ano. Filmaço de ação, com bastante personalidade, misturando Blade Runner, Exterminador do Futuro e tudo o que pode empolgar quem adora viagens no tempo. As cenas de terror naquele campo de milho são exuberantes. Um grande filme de Rian Johnson. Já Safety Not Guaranteed traz o esquisito Mark Duplass criando uma engenhoca capaz de deixar o DeLorean de Marty McFly no chinelo. Longa bem estranho, mas que vai sempre pra frente, tratando com dinamismo uma história que poderia ser confusa e sem sentido. No final, as coisas se esclarecem de uma forma romântica e agradável. Uma surpresa.

HAYWIRE e MAGIC MIKE
Steven Soderbergh nos trouxe este ano duas belas explorações do físico de seus atores. Em Haywire, aproveita a força muscular de Gina Carano para contar a história de uma “agente Bourne” que luta contra o sistema. O que importa são as lutas e as coreografias, que ganham uma baita sensualidade com a forte (com duplo sentido) presença de Gina. Magic Mike tem uma primeira hora divertidíssima, quando Soderbergh explora sem nenhum pudor o corpo de seus garotos, dançarinos de um clube de strip. Channing Tatum toma toda a tela e Matthew McConaughey arrebenta com seu tipo sacana. O diretor acabou fazendo um musical hilário. Pena que depois descamba para aquele romance improvável.

MARTHA MARCY MAY MARLENE
Impossível deixar de olhar para Elizabeth Olsen, numa das boas interpretações dos últimos anos. Um elenco muito forte, uma história misteriosa e bastante fanatismo. Empolga.

THE FIVE-YEAR ENGAGEMENT
Divertida reflexão sobre os deslocamentos de um casal. Jason Siegel e Emily Blunt formam uma dupla bacana que resolve juntar os trapos enquanto moram em San Francisco. Porém, ela acaba se mudando para Michigan, onde pretende cursar uma extensão de seus estudos. A premissa parece um tanto estúpida, mas Nicholas Stoller (diretor) e Siegel escreveram um roteiro que consegue explorar bem outra variação do “homem não consegue ficar com mulher e quase a felicidade se evapora”.

CABIN IN THE WOODS e THE AVENGERS
Surpreendente, engraçado e com uma proposta ousada, deu tudo certo para o roteiro de Joss Whedon e Drew Goddard (também dirige) em Cabin in the Woods. Uma cabana, mortos-vivos, uma virgem, um atleta, enfim, mexendo com os estereótipos, o filme se dá muito bem e empolga. Whedon conseguiu também um feito com The Avengers. Juntou os diversos personagens da Marvel e promoveu excelentes diálogos, ótimas sequências de ação e pelo menos uma piada clássica (Hulk matando o inimigo de uma forma arrasadora).

CASA DE MI PADRE e PLANO DE FUGA
O México dominou o noticiário o ano inteiro. O calendário maia prometeu o fim do mundo e estamos todos aqui, na expectativa. Em texto no sítio da Companhia das Letras, o escritor Juan Pablo Villalobos fez um post hilário sobre essa loucura que é o México (leia aqui). Dois filmes trataram desse país de uma forma irreverente (preconceituosa, talvez). Vale a pena olhar para ver se de fato são interessantes ou apenas irresponsáveis. Casa de mi Padre é um besteirol com Will Ferrell. Difícil classificar, mas tem o mérito de brincar com as culturas e ser rápido no humor – e diverte com gêneros de um jeito que a gente não consegue por aqui. Já Plano de Fuga traz Mel Gibson no inferno (ou seja, numa prisão mexicana – que, na verdade, é o México). Filme violentíssimo, cheio de preconceitos, certo charme, momentos inclassificáveis, bem a cara do Mel Gibson. Por isso mesmo, interessante.

ARGO
“Argo fuck yourself” virou jargão. Ben Affleck faz seu melhor filme. Inteligente, divertido e com boa conexão entre as suas três partes. Traz personagens sólidos, atuações radiantes de John Goodman e Alan Arkin, além de um tema político e atual. Sem contar que brilha ao elogiar a grande arte da América: o cinema.

MOONRISE KINGDOM
Wes Anderson junta a turma para fazer o que sabe: uma sinfonia belíssima sobre as dores e maravilhas do crescimento. Tocante, visualmente impecável e com toda aquela atmosfera cool, mostra que a vida – e o cinema – é uma baita aventura.

MAD MEN
Apresentou a temporada mais assustadora até agora. Drogas, suicídio, eletrochoque, brigas e o prenúncio de coisa boa vindo pela frente. Don Draper está banguela e caindo cada vez mais rápido.

GIRLS e TINY FURNITURE
Lena Dunham tem colhões. Emplacou uma série na HBO produzida pelo Judd Apatow e desfilou pelada em quase todos os episódios. Com cenas fortes, personagens memoráveis e diversas boas piadas, conseguiu aproximar pessoas normais do hype, sem soar falsa ou babaca. Seu primeiro longa, Tiny Furniture, de 2010, merece ser descoberto, pois é um bacana ensaio para a série.

LOUIE
A terceira temporada dessa série de Louis C.K. foi a melhor coisa da televisão este ano. Numa época em que as séries são saudadas como referência de inteligência e inovação, mister C.K. consegue fazer a melhor de todas. Absolutamente imperdível.

DECAY
O filme não é nada. Mas vem de um grupo de físicos (sim, essa gente séria) ligados ao LHC, o acelerador de partículas na Suíça. Mistura zumbis, explicações estapafúrdias, atores amadores e está disponível gratuitamente aqui. Custou cerca de US$ 3.500 e foi bancado pela moçada. Ele serve mesmo para mostrar que enquanto o mundo continuar brincando com as imagens, o cinema estará salvo.

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