A frase acima, dita por Quentin Tarantino no discurso de agradecimento de seu Oscar na categoria de Melhor Roteiro Original, resume bem o que foi a 85ª cerimônia do Peladinho.
A turma fica analisando o farol da Anne Hathaway, a voz do Russell Crowe (eis um sujeito com culhões), o “boterismo” da Adele e simplesmente ignora a qualidade dos filmes este ano – e de seus roteiros.
O que importa mesmo nessa festa toda? Sim, os prêmios. E o que eles dizem? Sobrou pra todo mundo (infelizmente até para O Lado Bom da Vida, apesar da Lawrence ser ótima) e, querem saber, era pra ser assim mesmo.
Na entrevista nos bastidores, Tarantino fez um exame rápido sobre os indicados e soltou coisas bem mais interessantes do que qualquer artigo publicado hoje pelas folhinhas brasileiras.
Acho que os “críticos” ficam tão preocupados em bolar tuítes bacanudos ou “engraçadinhos”, que se esquecem de pensar um pouco sobre o que de fato essa brincadeira toda significa.
Lembrem-se que Argo é um interessante filme sobre a mentira na política e, principalmente, como Hollywood e seus roteiros conseguem ser uma arma das mais eficazes para o governo norte-americano. E quem entrega o prêmio? Dona Michelle Obama – aliás, mais uma vez demonstrando tremenda eloquência.
E que tal Ang Lee receber o Oscar de direção? Seu A Vida de Pi também não deixa de ser outra homenagem ao cinema – e aos contadores de histórias.
Voltando para Tarantino, temos que observar que os nove indicados apontam para obras adultas, que mexem com a Política e propõem abordagens bem complexas – e até mesmo inovadoras – sobre diversos assuntos sérios e espinhosos (caso de A Hora Mais Escura, por exemplo).
Quanto ao novo apresentador, Seth MacFarlane, gostei da brincadeira narrativa do início. Há muitas pegadinhas interessantes ali, principalmente ao abordar o futuro trazendo um personagem do passado (Capitão Kirk). Mesmo sem ritmo e com algumas piadas infelizes, foi uma abertura imaginativa e surpreendente (ao contrário da maioria, achei espetacular a piada dos peitos).
Pena que, como escreveu Alessandra Stanley no NY Times, o show quase acabou com o Oscar. Aqueles musicais apareceram meio do nada, atrapalhando o andamento.
No fim, a brincadeira saiu de bom tamanho.
Fico com o Quentin: foi o ano dos roteiristas.

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