Abril começa e as principais emissoras da chamada TV aberta (mais do que nunca fechadas para inovação) do Brasil anunciam suas “novidades” para o primeiro semestre de 2013.
Analisando um pouco o que me interessa – dramaturgia – não dá pra soltar fogos (o Stycer dá uns palpites aqui sobre a programação geral). Pensando bem, a melhor coisa a se fazer é continuar não assistindo a essas coisas que chamam de série, novela, minissérie bíblica e sei lá mais o quê.
Novamente, os produtos mais interessantes são os gringos. Dá ou não tristeza ver aqueles executivos brasileiros falando que investem R$ 700 mil num capítulo de novela, mas a única atração realmente empolgante é a estreia da primeira temporada – dublada – de Mad Men na TV Cultura?
A Globo traz como grande aquisição o Marcelo Adnet, que irá protagonizar uma série da Fernanda Young e do Alexandre Machado. Sério? É isso então?
A Record promete grande surpresa com Carlos Lombardi. Claro, claro. A Band não faz nada de dramaturgia mesmo, muito menos se esforça para tanto (apesar que o CQC está cada vez mais se tornando um programa de esquetes pretensamente humorísticas).
O SBT pelo jeito vai ficar pra sempre nesse filão aberto pela galerinha do Carrossel. Mas lá do quintal do tio Sílvio a gente nunca espera muita coisa mesmo.
Restam aquelas outras faixas que soam delinquentes para o nosso olhar (Rede TV!, Gazeta) e a MTV, que merece alguma consideração ao dar um dinheirinho para o Felipe Hirsch montar uma série. Espero que funcione.
E no cabo? Até que a situação melhora. A Fox vem com série da O2; o Multishow continua exibindo aquelas quatrocentas coisas que não repercutem; e o GNT também traz investimentos na área.
Tem a HBO, certo, com suas já tradicionais produções brasileiras. O Canal Brasil sempre apresenta alguma estrutura divertida e seguimos.
Enfim, o cenário é bem melhor no cabo – muito melhor se a gente comparar com a TV aberta.
Mesmo assim, é pouco e desanimador. Isso porque a discussão continua sendo sobre grana, formatinho, lei de incentivo etc. Tudo é demorado, sem brilho.
Voltando para as grandes emissoras, não dá para achar que se faz TV de ponta hoje confiando nos números do Ibope e na Glória Perez.
Será que os executivos não pretendem produzir alguma referência para o mundo? Apostar só no certo não leva ninguém pra frente. Aliás, esse “certo” aí já está bem errado.
Até quando vamos continuar atrasados? A televisão norte-americana está entrando na era platinium (como mostra essa excelente reportagem da Wired) e nós nem ganhamos um cartão de crédito ainda.
A trinca Globo-Record-SBT tem que investir pesado em telefilme, séries caprichadas, pilotos, sei lá. Entender que o retorno obtido com divulgação pelo Twitter, redes sociais, Netflix etc. é tão compensador quanto os números do Ibope.
Nunca vamos ter por aqui qualquer inovação? Quando vamos explorar e exportar nossos zumbis, Game of Thrones, comédias de situações (aqui um pequeno compilado do que os norte-americanos estão copiando)?
E a imprensa também tem que mexer nos teclados. Não dá pra noticiar TV só falando de números, das estrelas globais ou do cabelo do filho do Bonner. É muito legal comer caviar no almoço de apresentação da nova programação da Band. Mas o que isso significa? Como estamos em relação ao passado? Em relação ao mundo? Em relação ao futuro?
Lembrando mais uma vez da reportagem na Wired, vejam como os produtos são manejados, como as coisas surgem e, principalmente, a enorme diversidade – do sexo de Girls até os nerds de Big Bang Theory.
Aqui tudo é escasso, precário, com os mesmos nomes, com essa lenga-lenga de números de audiência etc.
Não se faz TV de ponta assim. Só temos o Luiz Fernando Carvalho como “aposta de risco”?
Assim como aquele show Vem Aí, da Globo, a TV nacional é um falso brilhante.

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