Ok, o título é uma provocação. Você sabe que O Homem de Aço, de Zack Snyder, é melhor do que Sharknado, um telefilme do Syfy que passou recentemente na América e reinou no Twitter. Mas, pra ser honesto, vamos dizer que o longa com os tubarões é – no mínimo – muito mais legal do que essa história do Super-Homem.
Aliás, injustiça na praça! O pessoal tem comentado que O Cavaleiro Solitário, do Gore Verbinski, é uma porcaria e demonstra tudo o que está dando errado em Hollywood. Então, o que dizer de O Homem de Aço com esse deselegante fetiche por destruir prédios em Manhattan e contar pela milésima vez a mesma história (sem agregar nada memorável)?
Reclamaram que Lincoln, de Steven Spielberg, era solene demais. Isso porque não tinham ainda visto as caras e bocas do novo Super-Homem, com toda sua pompa, circunstância e blablablá. Será que é culpa do Chistopher Nolan, produtor do longa? Esse cara já costuma pesar bem a mão e jogar seriedade onde só existe besteira e verniz pop (vamos lá, o último Batman é uma tremenda bobagem e aquele Inception… um truque barato).
Como lembrou David Denby na New Yorker, se a gente voltar um pouco no tempo, vamos lembrar que o Super-Homem de 1978 teve como roteiristas Mario Puzo, Robert Benton e David Newman. Um timaço para colocar cultura pop, ironia e um gostoso flerte entre Christopher Reeve e Margot Kidder. Hoje, as ações escritas por David S. Goyer na nova versão só revelam o óbvio e se mostram preguiçosas ao extremo, com informações sendo passadas em jograis e uma tremenda falta de coerência – sem contar esse tom “tudo aqui é real e poderia acontecer agora mesmo na Terra”.
Nem vale mencionar quem dirigiu ou escreveu Sharknado. É mais um filme feito para a TV que usa bichos e fenômenos da natureza para destruir cidades inteiras. No meio dos efeitos toscos, uma família tenta se reconstruir. Pronto.
A novidade é que agora esse tipo de material é alavancado pelo Twitter e redes sociais. Sharknado foi visto por mais de um milhão de pessoas e virou hit. O monster movie mais visto do Syfy – que faz em média 24 desses filmes por ano – conseguiu um público de três milhões de almas (a final da última temporada de Mad Men foi vista por 2,7 milhões).
E então? Por que Sharknado é mais legal do que O Homem de Aço?
– Vamos começar pelo título. O Syfy, aliás, só dá sinal verde depois que confere o título (que tal Sharktopus?). Sharknado (mais aqui) dá de dez em O Homem de Aço, certo?
– Você prefere ver tubarões que voam em tornados e caem no meio da cidade ou conferir de novo a trajetória de um sujeito de outro planeta que cai na Terra e ganha superpoderes?
– O pôster de Sharknado também é muito mais interessante.
– Em O Homem de Aço, uma briguinha entre dois fortões destrói metade dos prédios de Manhattan. Sono. Em Sharknado, matam tubarões com banquetas de bar, porretes e tacos de sinuca. Cool.
– Em O Homem de Aço, o herói dá porrada para vencer os vilões. Em Sharknado, o mocinho pega uma serra-elétrica e se joga dentro da boca de um tubarão. Quem é mais esperto?
– Em Sharknado, há diálogos como:
– “That’s a tiger shark!”
– “How do you know that?”
– “Shark Week”.
– Sharnado não tem pretensão, além de divertir a moçada. O Homem de Aço exibe uns diálogos falsamente poéticos, que enchem o saco – justiça seja feita, aquele papo das máquinas reformatando a Terra é bem legal.
– O Homem de Aço tem duas horas e meia de duração (chamam a gente de burro, afinal já conhecemos a história). Sharknado tem apenas uma hora e 25 minutos, tempo ideal para segurar o xixi.
– E a suprema coincidência: tornados matam nos dois. Mas em Sharknado, há tubarões na tempestade.
Não vou continuar. Fiquei com pena de O Homem de Aço.

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