Série de TV é igual time de futebol: quando você escolhe uma pra torcer, é por toda a vida. Esse amor leva uma grande vantagem em relação ao que sentimos pelos clubes: como os produtos televisivos não duram cem anos (alguns, como Os Simpsons, na verdade, devem durar), a gente pode trocar de paixão sem nenhuma culpa, afinal, fomos abandonados.
Claro, esse mesmo consolo vira desvantagem porque dá um trabalho danado sempre ter que escolher um novo time pra defender no boteco. Pra mim, seria melhor que Breaking Bad continuasse indefinidamente. Mas já sei que logo mais terei que decidir qual será a minha nova série favorita (e vai ser muito triste deixar o Saul pra lá).
Somos obrigados a abandonar nossos craques preferidos. Imaginem um mundo onde o Corinthians de repente parasse de existir. Seria terrível, não? Como escolher outro time? (Ok, faça um exercício de projeção e coloque no lugar do Timão o seu clube do coração.)
No futebol, é comum a gente ter simpatia por agremiações de outros Estados. Com as séries, a coisa funciona da mesma maneira – só que somos orientados por gênero.
Se conhecemos aquele sujeito que é palmeirense fanático, mas acha o Bahia passível de compaixão, também vemos por aí o cara que ama Dexter, mas aceita bem Big Bang Theory e até Mad Men.
O ideal hoje é ter uma série pra chamar de sua e mais umas três reservas de outros gêneros – ou formatos, afinal American Idol, por exemplo, nada mais é do que uma série.
Fato: quando somos fisgados pelo universo das séries de TV, agimos como os hooligans. Ficamos em depressão durante o recesso (malditos intervalos entre as temporadas), arrasados quando o episódio é simplesmente ruim e em luto depois que anunciam o fim de um ciclo.
Podemos nos alongar bastante aqui, jogando metáforas e comparando o showrunner com o treinador, os atores com os jogadores, o roteiro com a tática de jogo etc.
Tem até aquele timinho vagabundo que fatura nosso carinho justamente porque é fraquinho, coitado (como não torcer pelo Íbis?).
Margaret Lyons escreveu aqui sobre essa curiosa escolha que fazemos. Sempre temos na nossa lista de séries favoritas uma bem meia boca, que a gente não consegue explicar muito bem por que é boa. Escreve Margaret: “It’s just mehgnetic — a mediocre show that just sucks me in”.
Infelizmente, nesta segunda temporada, The Newsroom está sendo rebaixada para essa categoria (outra provocação da Rolling Stone aqui).
Justo agora que eu já estou procurando alguma coisa que substitua Breaking Bad... O Corinthians das séries está deixando os gramados – para sempre – daqui a algumas rodadas. Não será nada fácil buscar a substituta. Mas vamos lá. Pelo menos a organização da indústria de entretenimento norte-americana é mais competente do que a CBF – é, aí não tem como comparar. O calendário deles é organizado e lotado de clássicos.

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