Rush, Lovelace, Elysium, The Heat

lovelace

Enquanto a gente espera o fim de Breaking Bad, podemos voltar a falar um pouco sobre cinema. Apesar que nenhum filme em cartaz é capaz de gerar a empolgação que esses últimos episódios da saga de Mr. White têm produzido.

Mas é assim mesmo. Por enquanto, a TV – mesmo com a chatice do Emmy e, até agora, nenhuma grande estréia na temporada – é a bola da vez para quem gosta de boas histórias.

Só que aí a gente entra numa sala escura e consegue capturar personagens e tramas que duram duas horas – e não cinco anos. Então ficamos aliviados por dar cabo de alguma coisa nessa vida ainda.

Em ordem de preferência:

RUSH

Acho F-1 um saco, mas gostei bastante desse filme dirigido por Ron Howard – sempre bom artesão -, que narra os duelos nas pistas na década de 70 entre Niki Lauda e James Hunt. O roteiro de Peter Morgan (Frost/Nixon) oferece excelentes diálogos, bastante graça na apresentação dos personagens e até mesmo um final emocionante. Daniel Brühl está gelado e antipático como Lauda; e Chris Hemsworth empresta virilidade e loucura ao seu James Hunt. Um bom casting, enfim, com uma simpática Olivia Wilde nos mostrando que Lauda também tinha coração. São dois protagonistas complicados, até mesmo detestáveis, o que coloca complexidade na trama. A dupla narração também injeta alegria na história e, como ponto negativo, existe essa necessidade de explicar muitas coisas, mostrar dezenas de corridas, o que às vezes acelera o filme e deixa as cenas sem nenhuma tensão. Como escreveu Inácio Araújo, a sequência em que Lauda conhece sua futura esposa enquanto dirige uma lata-velha é primorosa.

LOVELACE

Mais anos 70. Se Rush é dividido entre Lauda e Hunt, aqui os diretores Rob Epstein e Jeffrey Friedman e a roteirista Andy Bellin racharam a história da atriz pornô Linda Lovelace em dois pontos de vista. Primeiro, acompanhamos uma versão edulcorada. Lovelace se casa com um malandro dono de boate e se torna uma estrela ao mostrar a nudez e a sexualidade da norte-americana comum em Garganta Profunda, clássico pornográfico de 1972. Símbolo da libertação feminina e dos prazeres do orgasmo (até uma dona-de-casa poderia ter um!), vira celebridade e alcança a fama. A segunda parte dá conta de destruir o conto de fadas, contando novamente a história, mas dessa vez se fixando nas drogas, tapas e baixarias do mercado do sexo e de um casamento falido. Amanda Seyfried segura a onda como Lovelace e está jovialmente sexy. Revendo Garganta Profunda, fico curioso por um remake com Amanda, tanto que ela se oferece para o papel. De certa forma, um filme importante para mostrar o quanto ainda as mulheres precisam conquistar para ter prazer.

ELYSIUM

Gostei de pouca coisa dessa nova “denúncia” de Neill Blomkamp (Distrito 9). O lado político da história é banal e carrega só cinco minutos do filme. Aquele começo breguinha também incomoda (menos do que a sonolenta Alice Braga, é verdade). Mas ainda assim vale assistir por causa do Wagner Moura, que faz o fora-da-lei Spider. O ator baiano demonstra muita força, carisma e mete o pé em todas as cenas. Pelos elogios da crítica internacional, vai fazer brilhante carreira lá fora. Matt Damon faz o papel de Matt Damon, sujeito boa praça que vive em Los Angeles (aka Capão Redondo) em 2154, uma cidade apodrecida, explorada pelos ricaços que se mandaram e moram numa estação espacial, bem longe do inferno. A trama é simplória: os pobres querem melhores condições de vida e tentam invadir o conforto dos milionários exploradores e babacas. Há também a ministra da defesa, uma imbecil interpretada por Jodie Foster (coitada). Há uma imensa quantidade de furos, principalmente na segunda parte, quando os revoltados invadem a fortaleza. Arrastado e com personagens fraquíssimos, sobram alguns momentos de ação. É pouco.

THE HEAT

Só vale porque oferece oportunidade única para as mulheres protagonizarem com força uma comédia (ainda mais hoje com os meninos sempre dominando os papéis principais). Paul Feig (Missão Madrinha de Casamento) capricha um pouco em algumas piadas mais fortes, mas mesmo assim o enredo não caminha. Sandra Bullock (que é boa comediante) e Melissa McCarthy (que é excepcional comediante) formam a dupla de policiais que precisa acabar com uma quadrilha em Boston. Tudo meio capenga, com uns coadjuvantes que não funcionam e pouco mistério. Ainda bem que as duas garotas sabem o que estão fazendo e conseguem imprimir um bom ritmo no humor. Mas dá pra baixar e assistir apenas aos segmentos em que Melissa brilha.

THIS IS THE END

Um dos filmes do ano. Mais sobre ele quando estrear.

Pois é. Pelo jeito o negócio é esperar mesmo o final de BB revendo os melhores episódios. Aqui uma listinha.

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