Pelo jeitão da coisa, Walter White não vai ressuscitar e só nos resta sonhar com um Breaking Bad 2 – A Volta de Heisenberg. Então, podemos refletir com seriedade – e calma – sobre o final da série.
O problema é que todo mundo (mesmo) já fez isso. Pela quantidade de textos espalhados pela internet, metade dos norte-americanos escreveu alguma coisa sobre Felina, o derradeiro episódio de BB – se quiser ler só um, recomendo este, pois contém ideias, interrogações e links.
Quer dizer, de fato isso não constitui nenhum tipo de problema. É uma ótima notícia. Algo aconteceu na dramaturgia televisiva. Aliás, muita coisa está rolando na maneira de contar histórias usando os seriados. E o pessoal está atento, confabulando, estudando, participando de tudo.
Eu aposto que logo mais as grandes redes (abertas ou cabo) vão montar estruturas complexas misturando todos os seus personagens, como a Marvel faz juntando toda a turma no mesmo universo.
É uma boa sugestão para alguns personagens secundários continuarem sua existência mesmo depois da morte dos protagonistas.
Assim, Jesse Pinkman pode muito bem atravessar o cotidiano da turma de Walking Dead; ou os pais dele poderiam ter se conhecido na agência de Don Draper.
Pensem no que seria possível fazer com o Universo HBO? Universo NBC? Universo Netflix?
Todo mundo entrando e saindo das séries uns dos outros, numa orgia de histórias.
Claro, o pessoal respeitaria tempos narrativos, localidades etc., mas, na medida do possível, aqueles personagens que pegassem, estariam ali, prontos para o trabalho.
Afinal, a jovem Sally Draper, filhota de Don Draper em Mad Men, não deve ganhar uma série própria depois que o papai desaparecer. Mas, poderia muito bem continuar sua carreira como amante de um banqueiro falido em alguma nova empreitada da AMC.
Seria uma cena e tanto aquela em que Sally mostraria as fotos do velho Don para a amiga e comentaria: “Esse era o papai, um glutão em se tratando de mulheres”.
Eu não sei como a Globo não faz isso. Seria um fenômeno mundial. Ou você não gostaria de ver a Carminha tendo um filho do Doutor César em Amor À Vida?
Claro, os atores querem fazer outros trabalhos, a vida é dura, o cotidiano cruel etc. Por isso seriam pequenas participações – tudo dependeria da agenda.
Eu sei que às vezes os roteiristas aprontam dessas, fazem as tais homenagens, mas eu gostaria que isso fosse decretado, como Stan Lee e Jack Kirb fizeram na Marvel.
Ao ver um produto da HBO, já saberíamos – esperaríamos – que o trio de delinquentes de Bored to Death poderia aparecer fumando um no meio de uma reportagem de The Newsroom.
É uma pena jogar fora todo um universo só porque o chefão resolveu partir dessa pra melhor ou então conquistou tudo o que procurava.
Aliás, essa é uma parte filosoficamente interessante da labuta dos roteiristas. Quando um personagem não enfrenta mais nenhum conflito, quando ele conquista seu objetivo, a série ou filme terminam. Ele deixa de existir. O que prova que a vida é conflito. Sem os perrengues, sem você não ser testado toda hora, só existe a morte. Viram como é fácil sacar o sentido de tudo?
Bom, mas fica a dica. Não matem tantos inocentes.

Deixe um comentário