Afogando em séries

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Ufa, agora que True Detective terminou, posso retomar minha vida e… assistir aos episódios que perdi de Girls, Looking e Community. Também preciso ver tudo de Broad City para uma ideia de série que tenho aqui. Ah, claro, checar como está a segunda temporada de The Americans.

Tudo sob controle. Mais ou menos. Game of Thrones vem aí e tenho que terminar as temporadas anteriores. Ainda bem que estou em dia com Mad Men. Ah, é, lembrei que ainda faltam uns episódios de Walking Dead e queria dar uma checada em Orphan Black.

Putz, as da Europa, né… Borgen, The Killing, The Bridge… Ai, ai, ai. A francesa com os mortos que voltam e…

Vixi, e Sherlock? A terceira temporada está no ar. É, hora de ver. Claro, House of Cards… Bem, estou no quinto da segunda temporada. Nada mal, vai.

Sim, tenho a intenção de rever Sopranos e The Wire. Achei que seria agora, mas os planos parecem um tanto ambiciosos (ah, não, perdi os últimos de Treme).

Ei, baixei os roteiros de Hannibal. É bacana? Vale investir algumas horas?

Bem-vindos ao estresse provocado pela enxurrada de boas séries.

O excelente David Carr (leiam a autobiografia dele, A Noite da Arma) escreveu dia desses no New York Times sobre como a TV recuperou nosso amor – e ferrou nossa relação com filmes, livros e até músicas.

A qualidade da dramaturgia televisiva anda numa fase tão boa (na América, mas tenho fé que logo vai melhorar muito por aqui), que fica impossível acompanhar metade das coisas interessantes.

E a desgraça é maior (no bom sentido) porque essa leva de séries vem seguida por artigos afiados em revistas de prestígio, como a New Yorker, livros interessantíssimos, trilhas sonoras bacanudas e uma penca de subprodutos.

Veja o caso de True Detective, criada e escrita por Nic Pizzolatto. O sujeito também é autor de uma literatura finíssima, que vale a pena conhecer. Ohoho. Mais um pra pilha.

O meu caso é o mesmo do David Carr. Com essa inflação de séries competentes, estou sacrificando outros produtos culturais – outras artes, vamos dizer assim. Portanto, tento manter intacta a minha vida social. Ou quase intacta, vai.

Ainda vejo um filme por dia, mas estou selecionando com mais apuro aqueles que merecem ser vistos no cinema. Mesmo morando perto de várias salas, esse deslocamento de 40 minutos (ida e volta) é o tempo de dois episódios de sitcom!

Mesma coisa com peças e artigos de revistas (hoje, a pilha é inalcançável mesmo se inventarem a vida eterna).

A literatura ainda sobrevive, bastante porque a uso no meu trabalho (então tenho que ler). Apesar que nunca passei os olhos em tanta coisa associada a narrativas. Aqui na frente tenho The Storytelling Animal, de Jonathan Gottschall, o texto da peça August: Osage County, de Tracy Letts, e Cenas de uma Revolução, de Mark Harris.

Continuo saindo, bebendo e encontrando os amigos e familiares. Só que cada vez mais o assunto gira em torno da TV. Não mais sobre a novela ou o Datena, mas sim sobre aquela série que mostra um sujeito perturbado acabando com a vida de meia dúzia (ou salvando uma penca delas; ou não fazendo nada).

Encontrar tempo para escrever num blog, então… Mas a gente dá um jeito.

A imagem do tsunami de narrativas televisivas começa a ser esteticamente sublime (pois também dá medo). Já está difícil controlar a ansiedade e ficar tranquilo quando alguém menciona mais um treco que você “simplesmente tem que parar tudo o que estiver fazendo e assistir!”.

Bem, pra mim, esse estresse gerado pelas séries ainda é bem recompensador. Não?

Tá, confesso que é como estar se afogando, mas pensar que não há problemas pois o céu existe e está cheio de novas séries.

Vamos levando, mas esse assunto ainda está no começo.


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