O sentido de um fim e “Como Falar das Séries que Não Vimos?”

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Ainda é possível andar pelas ruas e encontrar fãs de How I Met Your Mother levantando a mão para os céus e gritando “Por que, meu Deus?! Por quê?!”.

O final da série criada por Carter Bays e Craig Thomas causou alvoroço. Como sempre, o lamento não foi pelo término do título, mas sim por causa do destino das personagens principais.

Eu não acompanhei de forma disciplinada o triângulo entre Ted, Barney e Robin. Peguei um episódio ali e outro aqui. Creio que só vi todos os capítulos das primeiras três temporadas. Gosto do formato, do texto, dos atores e sempre me diverti. Mas How I Met Your Mother nunca entrou nas minhas prioridades.

Só que assisti ao final e tive que encontrar uma opinião. Quer dizer, mais ou menos. De saída eu não tinha gostado da solução (não vou lançar nenhum spoiler aqui). Depois conversei com uma amiga que é fã e achei “mais ou menos”. Aí, depois de uns goles de vinho e uísque, um amigo me convenceu de que “o final tinha sido genial, um toque de mestre dos roteiristas, um triunfo da dramaturgia, um espanto digno de Oscar, Emmy e Nobel”.

No outro dia, de ressaca, passei a detestar aqueles últimos dois minutos. Hoje, não sei mais o que dizer (como já devem ter percebido).

Querem saber? O final de qualquer boa série é absolutamente dispensável e deveria ser solenemente ignorado.

Eu não entendo essa loucura toda em cima do the end. Gente, eles simplesmente se foram. Não importa. O que a gente tem que lembrar é da trajetória.

O final é a parte mais desinteressante de uma série (assim como a morte é a mais desinteressante da vida).

Ok, os fãs têm que se revoltar contra os roteiristas e criadores, num gesto de completo egoísmo (“Malditos, vamos ficar sem a companhia da nossa turma! Quem são vocês para fazerem isso?!”).

Portanto, esse burburinho é coerente, como xingar Deus (para alguém que acredita nessas fábulas, claro) por te tirar um ente querido.

Mas, agora, com a cabeça fria e já tirando o traje preto, convenhamos: dane-se o final de How I Met Your Mother. O que importa é dizer que foi uma série bacana demais.

Nunca um roteirista conseguirá matar uma série de maneira que agrade a todos. Ninguém quer se ver sozinho neste mundo.

Pra mim, o final dos Sopranos ainda é o mais espetacular de todos (e David Chase até hoje recebe perguntas sobre o que significou aquele black, aquele luto).

Pensando no fim, logo chegamos ao começo.

A quarta temporada de Game of Thrones está no ar e outra questão me perturba: é possível pegar uma série no meio e seguir com ela?

Eu só vi as duas primeiras temporadas de Game of Thrones e, sinceramente, vou pular a terceira porque estou sem tempo agora. Então lá vou eu encarar essa turma a partir dos novos episódios. Isso é errado? Existe uma regra? Quantos episódios devemos ver para poder dar palpites sobre um título?

E essas séries que a gente vê apenas um episódio para sacar tudo e aí tentar acompanhar?

Dá pra dizer que eu assisti Games of Thrones, mesmo tendo visto apenas 2/3 e todos os recaps?

Quem vê as duas melhores temporadas de The Wire viu tudo e já fala com propriedade do texto de David Simon e Ed Burns?

Acabo de ter uma boa ideia. Assim como o Pierre Bayard lançou Como Falar de Livros que Não Lemos?, vou começar a rascunhar um Como Falar das Séries que Não Vimos?. Que tal?

 

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