Quatro das melhores séries que estrearam no verão norte-americano apostam em mistérios cabeludos para segurar a audiência. Em todas elas, a humanidade está por um fio (vírus, demônios e Ets nos importunam com força).
The Leftovers (HBO), baseada no livro de Tom Perrotta, puxou a fila. Como você já deve saber, nos episódios comandados por Damon Lindelof e Perrotta, a trama gira em torno do desaparecimento de 2% da população mundial.
Após três capítulos, ainda não sei bem o que pensar. Ou melhor, tenho certeza de uma coisa: a abertura é assustadoramente fantástica.
Por enquanto, não temos uma empolgante busca por respostas nem novas perguntas. The Leftovers parece mais um curioso ensaio sobre seitas e religiões (três tipos delas tomaram conta de quase todo o tempo até agora). E ainda não achamos quem seguir (deveria ser o xerife de Justin Theroux, mas ele permanece distante do público) e cada um dos três episódios iniciais foram bem diferentes entre si.
Creio que alguns títulos precisam de paciência. Será que já dá pra fazer um julgamento final?
Porém, as outras três não esconderam o suspense nem perderam muito tempo aguardando a simpatia da audiência. Logo no piloto revelaram muitos segredos, apresentaram ótimos personagens e não pararam um minuto para lamentos ou imagens metafóricas. Resta ver se vão segurar o pique.
Abaixo, algumas impressões gerais sobre o primeiro episódio de cada uma.
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EXTANT (CBS)
Criado por Mickey Fisher (aqui uma entrevista com ele).
Halle Berry é a astronauta Molly Woods, que passa treze meses sozinha numa missão espacial e, quando volta para a Terra, descobre que está grávida. Tcharans. O marido dela – e possível primeiro corno espacial – é John Woods, interpretado por Goran Visnjic (impossível não sentir saudades de ER).
O primeiro episódio, chamado Re-Entry, foi dirigido com bastante firmeza por Allen Colter e escrito por Fisher.
Há, claro, diversos ecos de filmes de ficção científica por todo o espaço da série. A figura madura e bela de Halle Berry boiando na espaçonave nos remete ao passado recentíssimo (Sandra Bullock e Gravidade) e, principalmente, ao glorioso Alien, em que uma sexy Sigourney Weaver também enfrentou problemas com a maternidade (precisa mencionar 2001 e traquitanas assustadoras?).
Mas não é só. Aqui na Terra há o garotinho Ethan Woods (Pierce Gagnon), filho-robô da astronauta, lembrando Spielberg/Kubrick e Inteligência Artificial – Spielberg é um dos produtores da série.
O clima todo é temperado com bastante tensão e há pelo menos uma cena apavorante e memorável (Halle alucinando – ou não?).
Como se não bastasse o lance da gravidez suspeita, existe um vilão sinistro e uma boa teoria conspiratória. Pra começar, está bom demais.
THE STRAIN (FX)
Criado por Guillermo del Toro e Chuck Hogan, a partir de uma série de livros dos dois.
Um avião pousa no JFK em NYC. Para espanto de todos, ele está com as luzes apagadas, motor desligado e aparentemente toda a tripulação sentada em silêncio. Como assim? Pois é.
Não tem jeito, avião é um objeto tenebroso – e fascinante.
O governo chama o dr. Ephraim Goodweather (Corey Stoll) para resolver a parada. Ele entra na aeronave e encontra o mal absoluto, minhocas sanguessugas, um caixão gigante e cerca de 200 pessoas mortas (pacificamente, segundo os legistas).
Bastante coisa para os roteiristas trabalharem, portanto.
Porém, esse é apenas um núcleo. Em Nova Iorque, somos apresentados a um vilão demoníaco (mesmo, pois aparentemente tem poderes sobrenaturais) e ao velhote que sabe das coisas, Abraham Setrakian (David Bradley), dono de uma loja de penhores.
Night Zero, o primeiro episódio, foi dirigido pelo Gullermo del Toro. Então, mesmo sem a grana do cinema, encontramos elegância, as taras de um nerd por histórias macabras e ótimos diálogos (além de momentos familiares, aproximando os personagens dos espectadores).
Para fechar, claro, uma boa sequência de terror.
THE LAST SHIP (TNT)
Criado por Hank Steinberg e Steven Kane a partir do livro de William Brinkley.
Dessa vez é um vírus potente que dizima a humanidade. Aparentemente, os poucos sobreviventes estão dentro de um navio da marinha norte-americana. Para melhorar a coisa, a doutora Rachel Scott (Rhona Mitra) também permanece na embarcação com equipamento e material que podem levar a uma possível vacina.
A série é uma produção de Michael Bay, então podemos esperar movimentos de câmera a cada dois segundos, um lance bélico e imagens grandiosas (como explicam no vídeo abaixo).
Trash o suficiente e bem empolgante, na verdade. Os conflitos internos são chatos, mas as coisas não ficam paradas por muito tempo. Há perseguições de helicópteros (claro), invasão a um “cruzeiro fantasma”, briguinhas e, por que não, comédia romântica. O que mais? O primeiro episódio foi dirigido por Jonathan Mostow (U-571 e O Exterminador do Futuro 3).


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