As bebedeiras históricas de uma das melhores séries da TV

drunk

Tá, ainda estou um pouco bêbado, mas podem acreditar: você é uma besta se não assiste ao Drunk History. Como vou saber se passa no Brasil? Sei lá. Procura. Tente baixar, mas não deixe de ver. Mesmo. É um treco muito louco, eu não me conformo porque queria ter tido essa ideia, é boa. Dei azar porque não tinha esse negócio de celular, de filmar tudo o que a gente diz e pensa quando eu e o Fábio Seixas, hoje um popstar do jornalismo esportivo, íamos encher a cara todas as noites depois de fechar a Folha de S.Paulo. E a gente bebia num… Um minuto, preciso ir ao banheiro.

Desculpe se demorei mais do que tinha planejado. Eu apaguei um pouco lá no sanitário. Ei, e aquilo que escrevi antes, sobre você ser besta e tal, por favor, esqueça. É que realmente fiquei empolgado. Ainda me sinto um pouco tonto, é verdade, mas acho que essa sensação já se tornou normal.

Eu tenho raiva do Derek Waters e do Jeremy Konner, os criadores da série Drunk History, do Comedy Central. Atualmente na segunda temporada, o projeto nasceu na internet e agora se solidificou na TV, conseguindo boa audiência e ótimas críticas (como essa aqui da Emily Nussbaum, que não é de elogiar qualquer treco, não).

Quer saber? Não é ódio, não. É inveja mesmo. Porque a dupla conseguiu criar um programa:

engraçado

documental

interessante

com dramaturgia

com ótimos atores e convidados especiais

capaz de brincar com os gêneros

que envolve ficar chapado

empolgante

curioso

educativo

bobo

já falei que é hilário?

E tudo isso com apenas 20 minutos por episódio. Desgraçados.

Para quem não sabe, vou contar a ideia. Vejam só que coisa simples. Um convidado (geralmente comediante ou ator) narra um fato histórico sobre determinado tema. Exemplo: se o assunto do episódio for Nova Iorque, a pessoa conta como a cidade ganhou a Estátua da Liberdade. A ação se passa portanto em dois tempos: no presente, com o host Derek Waters ouvindo a narração do participante; e no passado, com a reconstituição dos fatos.

Isso já é absurdamente legal, porque a única voz que conta as ações e interpreta os personagens é de quem narra o episódio. Assim, tudo ao que assistimos é dublado (mas sempre em lip-synching). A direção também é inventiva, por isso a reconstituição pode ser em PB, com clima de terror, usando maquetes, ou parecer um dramalhão mexicano. Tudo depende da forma de quem está narrando.

Pronto, a série vira obrigatória para quem gosta de roteiros ou estuda diferentes maneiras de se contar uma história.

Cada episódio de Drunk History apresenta três pequenos contos (sempre baseados em fatos reais da história dos EUA). Mais um exemplo: quando o tema foi a música norte-americana, vimos a trajetória do DJ Alan Freed, que ajudou a inventar o rock, um pouco da vida de Kris Kristofferson e como foi a criação do primeiro hit de rap.

Então é isso. Um programa que aborda de forma divertida assuntos históricos e também lança luz sobre casos pouco conhecidos (até mesmo para quem manja de história).

Além disso, tem ótimas participações, como de Laura Dern, que interpretou Nelly Bly, uma jornalista que se internou num manicômio para fazer uma reportagem no final do século 19.

A estupidez de colocar a voz de uma única pessoa em todos os personagens é surpreendente e hilária. Essa ação nos lembra o princípio da comédia, de exibir algo fora de lugar e a partir disso fazer o humor nonsense.

Figurinos e direção de arte também são caprichadíssimos, tudo tão certinho que ficamos com preguiça e sem vontade de ver qualquer outro vídeo no estilo Porta dos Fundos.

Agora vai lá assistir. Estão no quarto episódio da segunda temporada (e há outros menores quando eram exibidos apenas na internet).

Ei, esqueci de mencionar a coisa mais importante: a série leva esse nome porque todos os narradores sempre estão completamente bêbados. Em cada episódio consomem litros de vodca, tequila, uísque, cerveja e qualquer líquido capaz de derrubar um elefante. Então, as histórias reais são contadas com um certo grau alcoólico de liberdade.

Eu tinha me esquecido de falar justamente isso? Ainda estou de porre. Sinto muito.

Epa, fui reler e percebi que falei algo sobre o Fábio Seixas e nossas bebedeiras. Eu comecei a trabalhar na Folha de S.Paulo no mesmo dia que ele. Faz tempo. O importante é que a gente terminava a labuta e se mandava para algum bar. Geralmente ficávamos a madrugada num boteco que apelidamos de Bar do Vô (o dono e barman era um senhor de idade indefinida). Na época, bem que poderíamos ter ligado a câmera para contar as notícias daquele dia enquanto entornávamos metade dos gorós do centro de São Paulo. Seria incrível, uma espécie de Drunk News. Ainda dá pra fazer isso, Fábio?

Ok, vou descansar.

2 comentários em “As bebedeiras históricas de uma das melhores séries da TV

Adicione o seu

  1. hahaha que ideia maluca da porra, velho. acho que, só de levarem essa ideia a sério, eles já merecem pelo menos uma menção honrosa. sensacional.

Deixe um comentário

Blog no WordPress.com.

Acima ↑