Como não gostar do Emmy? Mesmo quem detesta eventos de premiação tem dois bons motivos para elogiar o show: ele acaba no horário marcado e os musicais são sempre zoados.
Para roteiristas, é o bálsamo mais esperado do ano. Não há discurso, piada ou agradecimento que não se refira a um autor de série, filme ou programa da TV. Por várias horas, os escritores são os seres especiais que regem o planeta.
Tanto que no auge da festa, George R.R. Martin recebeu uma máquina de escrever (ainda o símbolo de um escritor; a Apple não pagou o suficiente?) e súplicas para sentar o dedo nos próximos capítulos de Game of Thrones. Foi a declaração de amor da indústria televisiva para seus difíceis, vaidosos, brilhantes e milionários roteiristas.
O Emmy é tão bacana que premia Sarah Silverman, só para ela aparecer no palco e o mundo todo observar que roteirista também é sexy. Escrever dá tesão, amigos (olha aí, boa sugestão para aumentar a libido do Alckmin).
E que tal a elegante e genial Moira Walley-Beckett (o sobrenome lembra alguém?) ostentando o troféu de melhor roteiro por Ozymandias, um dos ótimos episódios de Breaking Bad? A moça deixou para trás marmanjos complicados (David Benioff, D.B. Weiss, Beau Willimon e Nic Pizzolatto) e o próprio chefe (Vince Gilligan).
E o Emmy ainda é justo! Assim não dá. Entregar todas as loas para Steven Moffat e fazer de Sherlock um dos grandes vencedores da noite é covardia com o Oscar.
A turma chama o Emmy de “Oscar da TV”, mas pelo jeitão da coisa, daqui a alguns anos vão apelidar a premiação mais importante da indústria audiovisual de “Emmy do cinema”.
Até mesmo o “autoral” Louis CK levou o seu, mostrando que suas ideias valem a visita. Pena que Louie ganhou na categoria errada. A série é menos engraçada do que Silicon Valley ou Veep. Já que existem tantas categorias, poderiam inventar alguma coisa como “melhor série com boas cenas isoladas e ótimas tentativas de fazer algo diferente”.
Sendo corporativista e colaborando para o incrível aumento da arrogância de alguns roteiristas, aí vai a sugestão: o Emmy poderia ser semestral.

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