10 razões para ver “Broad City”

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Faz uma temperatura agradável lá fora, mas você não quer sair de casa. Apesar de até se entusiasmar com alguns filmes em cartaz, hoje você prefere não ir ao cinema – viu dois filmes ontem em salas geladíssimas e sua garganta não parece muito bem, pigarreando e tentando compreender essa mistura de ar seco com ar condicionado.

Acabou de terminar o ótimo O Círculo, do Dave Eggers, defendeu o prefeito e as ciclovias nas incompreensíveis redes sociais e ficou furioso com a qualidade do texto da Folha de S.Paulo. E agora? Antes de tentar escrever aquele e-mail para seu amigo e começar um roteiro que está devendo faz três semanas, resolve se inspirar e rever só uma piada da primeira temporada de Broad City, a série que você achou a mais surpreendente e engraçada do ano.

Cinco horas depois, acabou revendo tudo (muitas cenas, várias vezes) o que tinha da série no seu HD e em vez de escrever sobre as estreias das comédias nacionais na Fox, Viva e GNT, acaba rabiscando esse pequeno lembrete:

DEZ RAZÕES PARA VER BROAD CITY

1 Abbi e Ilana

Abbi Jacobson e Ilana Glazer são as criadoras, roteiristas e estrelas dessa série que começou com pequenos esquetes na internet e ganhou neste ano uma temporada de dez episódios de meia hora cada um no Comedy Central. Já há novos capítulos confirmados a partir de janeiro de 2015. Desbocadas, despudoradas e descalibradas, a dupla (Abbi, 30, Ilana, 27) mora em Nova York e tenta sobreviver sob códigos morais próprios. É uma espécie de Girls sem açúcar ou, como escreve Nick Paumgarten neste excelente perfil das duas na New Yorker, a versão feminina de Cheech and Chong. Estranhamente sedutoras, formam a resposta mais pertinente e engraçada aos bromances produzidos por Judd Apatow. A irresponsabilidade e a verve de Abbi e Ilana já as colocam no panteão das grandes duplas da TV dos últimos anos.

2 Sujeira

Basicamente, os episódios giram em torno do cotidiano das duas. Ilana “trabalha” (mais correto seria dizer “frequenta”) num site e Abbi faz bicos, como ser faxineira de uma academia de ginástica. No resto do tempo, arranjam homens, fumam e conseguem encrencas. Há sexo, vibradores, depilação, conversas sobre tamanhos de pintos, um episódio inteiro sobre cocô, alergias, suruba, vômitos e mais um catálogo de temas e situações que não estamos acostumados a assistir. Tudo tratado de uma forma natural, hilária e, por incrível que pareça, com um enorme bom gosto visual. Por aqui, falta muito esse tipo de humor, que mete a mão em lugares perigosos, mas não soam vulgares ou baixos. Falar e mostrar coisas sujas é uma arte.

3 Texto

Rápido, muito bem pensado, capaz de misturar referências e piadas. Por serem amigas, o ritmo das duas é perfeito, com cada linha sendo apreciada; podemos observar o trabalho árduo de construção das frases.

4 Lincoln

O caso de Ilana é interpretado por Hannibal Buress (também escreveu para o SNL). Um magnífico achado. Consegue esconder todo o tipo de sabedoria que possui e fica eternamente em êxtase por estar vivo. Um sujeito capaz de se emocionar com o voo de uma mosca. Meu momento preferido dele é no episódio oito, quando interrompe a cena para fazer um comentário fabuloso sobre a Grand Central Station.

5 NY

A cidade não apenas serve de locação, como ajuda nas tramas e comenta muitas cenas. Há um tsunami de externas e os principais bairros de NY são contemplados. O episódio seis é um city tour completo, inclusive detonando de forma genial os ricaços do Upper East (como seria bacana ver um episódio assim em SP).

6 Coadjuvantes

Para carregar o piano, nada melhor do que um elenco de caras marcantes e lances hilários. Todos que entram conseguem se instalar com muita dignidade no universo de Broad City.

7 e 8 Direção e comédia física

Sempre inventiva, vai de um bottle episode (o sétimo) a um road movie (o oitavo). Claramente há uma preocupação visual em cada sequência, já que os corpos de Abbi e Ilana são tão importantes no humor da série (muitas vezes, Ilana lembra um Jerry Lewis menos vesgo e com mais cabelo). Há uma cena espetacular que define tudo: no episódio 4, Ilana e Abbi estão no metrô; Ilana segura um pedaço de cano. Veja o que acontece. É como se elas fossem as irmãs bastardas dos irmãos Marx.

9 Aberturas

Os sucessivos sonhos do episódio 7 e o clipe do 9 explicam tudo.

10 Internet

Você pode assistir tudo o que elas fizeram agora mesmo, de graça, na internet. Basta acessar o Comedy Central. O problema é que precisa ter uma assinatura X. Mesmo se não quiser baixar nada, há dezenas de trechos e aquelas antigas pílulas embrionárias espalhadas na rede.

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