As barbaridades do Oscar

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Com a estreia de Birdman, o provável vencedor do Oscar deste ano está em cartaz em São Paulo – Boyhood e O Grande Hotel Budapeste são os outros favoritos e continuam nas salas.

Conforme o tempo nos aproxima da cerimônia do prêmio (22 de fevereiro), os principais filmes indicados passam a povoar o circuito e a gente pode palpitar com mais segurança.

Na América, os articulistas ainda discutem a barbaridade de não exaltarem a equipe de Selma. Apesar de forte, a seleção deste ano não deixa dúvidas: será uma festa para os meninos brancos.

Todos os indicados para Melhor Filme trazem protagonistas homens – um deles negro, Martin Luther King Jr. O único longa que poderia quebrar essa hegemonia masculina, Wild, foi ignorado.

Mas vamos lá palpitar um pouco, afinal, essas disputas também valem por aquilo que não oferecem (e dá pra gente criticar bastante antes mesmo de ver os vestidos, os premiados, as piadas etc.).

Peter Travers, crítico da revista Rolling Stone, sempre faz um divertido vídeo – Damm You, Oscar – em que desce o sarrafo nos membros da Academia e privilegia os esquecidos.

Pensando nas principais categorias, seguem algumas barbaridades deste ano.

FILME

Contemplou algumas coisas extraordinárias, como O Grande Hotel Budapeste, Boyhood e mesmo momentos sublimes de Birdman. Além disso, ousa ao deixar o pesado Foxcatcher na lista. Mas bem que poderiam surpreender e mandar para a glória Love Is Strange, o líndissimo trabalho de Ira Sachs, ou Snowpiercer. Faltou aquela zebra fenomenal, para mostrar como eles são legais. Ei, e The Immigrant também poderia estar aí com folga. Ah, e O Abutre?

DIREÇÃO

Nem gosto de dar pitacos aqui porque a ausência de Ava DuVernay, de Selma, é tão explícita e absurda que tira qualquer princípio de discussão honesta. Mesmo assim não resisto: que trabalho o de Dan Gilroy em O Abutre. E cadê?

ATOR

Categoria da pesada este ano – e estou torcendo por Michael Keaton, se alguém quiser saber. Mas não colocarem Jake Gyllenhaal é algo inexplicável. Um trabalho fenomenal num filme que merecia muito mais. Assim como jogar para escanteio o Martin Luther do inglês David Oyelowo.

ATRIZ

Teremos justiça pois Julianne Moore já ganhou, apesar que eu gostaria que ela recebesse por Maps to Stars, o genial último filme de David Cronenberg. Ela está tão fascinante que nos deixa atordoados. Uma das grandes atuações desta década.

MELHOR ANIMAÇÃO

Fico com a excelente piada de Seth Meyers, que mencionou que a Academia não quis saber de indicar ninguém que não fosse branco este ano, por isso deixaram até The Lego Movie de fora, afinal são bonecos amarelos. Nunca vou entender essa esnobada. Nunca. The Lego Movie foi uma das melhores coisas do ano passado.

FILME ESTRANGEIRO

Que categoria fenomenal em 2015, com pelo menos três filmaços: Timbuktu, Ida e Leviatã. Cada dia acordo com um favorito. Mas acho que deveria ter algo melhor que Relatos Selvagens, não? Encheram muito a bola de um filme de esquetes.

DOCUMENTÁRIO

Nada para Life Itself. Ok. Dane-se, Oscar.

COADJUVANTES

Só um título preencheria tudo: Love Is Strange. John Lithgow e Alfred Molina poderiam receber juntos, estão espetaculares. Será que é porque  interpretam um casal gay de velhos? E Milles Teller, impossível de segurar em Whiplash.

ROTEIRO ADAPTADO

O pessoal ainda está rebolando para explicar como Damien Chazelle foi parar aqui (seu filme, Whiplash, é adaptado de um curta). Ele roubou pelo menos duas vagas: a de Gillian Flynn por Gone Girl (seria ótimo indicarem uma mulher) e aquela que seria de Nick Hornby por Wild. Só pode ter sido sacanagem com as pequenas.

ROTEIRO ORIGINAL

A categoria mais honesta deste Oscar.

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