Parecia mais um episódio de Game of Thrones. Em pouco mais de uma hora, o capítulo de estreia de Babilônia trouxe assassinato, sexo, jovem inocente sendo enganada, disputa por poder, rainhas chantagistas, festa de rico, festa de pobre e um beijo gay entre duas senhoras de respeito (três, se a gente contar com a voz de Maria Bethânia emoldurando tudo).
Bastaram dez minutos para Babilônia mostrar por que o principal produto brasileiro na área de teledramaturgia é a novela. Aliás, não apenas aquele mais visto ou financeiramente rentável, mas também o mais competente e atraente.
Segundos antes de Adriana Esteves aparecer discutindo sobre empreiteiras e caixa 2, o Jornal Nacional se despedia mostrando como os dois brasileiros da F-1 estão se virando bem e quais foram as sedes escolhidas para os jogos de futebol nos próximos Jogos Olímpicos.
Foi um gostoso amaciante para a pancadaria narrativa que se seguiu.
Mas quem manja dessa história mesmo é o Thiago Stivaletti, então ele que enumere todos os outros lances pitorescos do senhor Braga. Eu fico aqui apenas me divertindo com os comentários da turma, principalmente alguns que recheiam o blog do Mauricio Stycer.
O que importa: os autores de novelas ainda são aqueles roteiristas brasileiros que o pessoal pode chamar de ídolo.
Eu sempre curti o Gilberto Braga porque ele ofereceu minha primeira paixão doentia. Eu tinha 14 anos e quando vi Lídia Brondi em Vale Tudo, pirei. E, pra completar, ela era jornalista, profissão que eu almejava. Eu via a novela apenas para entender o funcionamento daquela pequena, para saber como um dia eu poderia conquistar uma garota que fosse parecidíssima com ela (claro que eu queria pegar a própria Lídia Brondi, mas inconscientemente achava a ideia absurda). Mil vezes obrigado, senhor Braga.
Voltando ao que nos interessa. Outro dia a Mariliz Pereira Jorge escreveu na Folha de S.Paulo um artigo comentando que faltam ídolos no esporte. Concordo e acrescento: faltam ídolos para nós, roteiristas.
Os autores de novelas parecem ser os únicos escritores de TV que nos impressionam com suas mentes criativas e capacidade de ganhar um maravilhoso salário mensal.
De resto, seguimos louvando os gringos, beijando a mão do Vince Gilligan, torcendo pelo sucesso da Tina Fey, vibrando loucamente com as peripécias do Aaron Sorkin etc.
Revendo Rede de Intrigas (Network, 1976), lembrei desse artigo sobre o genial – e ídolo – Paddy Chayefsky. O roteiro que ele fez para o Sidney Lumet permanece na Biblioteca Pública de Nova York. Que maravilha. E para onde vão os nossos?
Por causa de 1845 motivos, por aqui ainda estamos distantes de montarmos um bonito panteão com nossos roteiristas ídolos (tirando a turma que escreve para teatro e novela).
Mas vamos caminhando.

Como sempre um texto bão pra cachorro. Sou seu fã amigão. Abs!
Como sempre, você aparece com a sua generosidade. Abraços, amigão.