Transtornos mentais e o fim de “Mad Men”

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Scott Stossel, o autor do fantástico Meus Tempos de Ansiedade, relata logo nas primeiras páginas do livro algumas de suas fobias e medos: de espaços fechados (claustrofobia), de altura (acrofobia), de perder os sentidos (astenofobia), de ficar preso longe de casa (uma variedade de agorafobia), de germes (bacilofobia), de queijo (tirofobia), de falar em público (uma subcategoria de fobia social), de voar (aerodromofobia), de vomitar (emetofobia) e vomitar em aviões (aeronausifobia).

Sim, são apenas algumas. Sim, existe fobia de queijo.

Além de ser uma espécie de autobiografia centrada em fobias, Meus Tempos… se configura como um alentado estudo sobre a história do medo na humanidade – e de todos os recursos empregados para que o homem supere ou diminua esses medos.

Com sua prosa bem humorada e recheada de exemplos, citações e erudição, o trabalho de Stossel é um brilhante calmante para quem acha que está na pior. No fim, a Fobia ganha até nosso respeito, pois muitas vezes graças a ela nós conquistamos algumas coisas essenciais para continuar vivendo.

Um dos temas do trabalho não poderia deixar de ser o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais [Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders], mais conhecido como o famigerado DSM. Lá estão inseridos e diagnosticados todos (pelo menos até surgirem novos) aqueles considerados transtornos mentais.

Finalmente aqui apareço com a questão que pauta esse blog: será que já existe o Transtorno de Ansiedade pelo Fim de Séries? Ou o tenebroso Tafis?

Pois eu estou sofrendo disso, doutor. Principalmente agora com o iminente término de Mad Men, o melhor texto da TV.

Não consigo ver um capítulo sem pensar todo o tempo na morte daquela turma. E por que eles precisam desaparecer? É sério, não há motivos. Os episódios continuam sublimes (até mais sublimes, se isso é possível), os atores melhoraram, o visual segue rico, as referências se acumulam, tudo caminha tranquilamente para a glória. Mas não, eles precisam encerrar o título. Por quê?

Eu entendo que algumas séries devem terminar. A grande maioria porque começa a ficar ruim ou sem fôlego. Outros raros exemplares são sensacionais, mas percebemos que a história precisaria de um reboot (caso de Breaking Bad e seu filhote Better Call Saul – aliás, por muitas vezes melhor do que a série de origem).

Porém, Mad Men simplesmente não tem necessidade nenhuma de acabar. Seu fim é uma fatalidade, como se um cometa batesse agora na Terra e pronto, exterminasse todo mundo. Por quê?

Fui contaminado pelo Tafis e não paro de pensar na morte de Mad Men. Fico resmungando pelos cantos o quanto o mundo é injusto, tento escrever e-mails gigantes para o criador Matthew Weiner ter compaixão pela série, começo a chorar assim que escuto o “tarã-tarã-tarã-tarã-tarã” da abertura.

Minha vida está ficando um pouco mais miserável com esse transtorno.

Pior de tudo: o Tafis começou a se espalhar para outros títulos. Recentemente comecei a sentir a mesma coisa vendo Louie. Meu Deus, será que um dia ele também pode acabar? Por quê? Como vamos viver sem a expectativa de nos depararmos com novos esquetes como esse abaixo? Como?

Estamos perdidos.

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