The Bride contra os pentelhos

Mas é claro que as pessoas continuam a conversar, falar, discutir, berrar durante as sessões de cinema.

O problema nem é tanto da falta de educação da turma acostumada a ver filmes em casa (quando podem dizer o que quiserem no volume que acharem bacana – até o Kassab aparecer com o “Psiu”).

O erro maior hoje está nos fofos anúncios que pedem silêncio durante a projeção.

Vocês já decoraram muitos deles.

Antes de cada filme, aparecem pipoquinhas simpáticas, bonecos bizarros e esquetes sem graça para passar alguma informação (e pedir gentilmente um pouco de silêncio).

Entre os “saída de emergência no final do corredor”, “portas corta-fogo” e “extintores no fundo da sala”, eles também pedem para o público não conversar durante a exibição e desligar o celular.

Hãhã. É tudo muito bonitinho, meigo e educado. Basta!

A turba já assimilou esse jogo. Nem ligam mais pra isso.

Essas advertências agora tinham que ser mais drásticas, violentas, chocantes, aterrorizantes, ameaçadoras, brutais. Pra combinar com certo público que invade as salas.

Feito foto em maço de cigarro ou os terríveis vídeos exibidos nas aulas para quem pretende tirar carteira de motorista (já me relataram que essas peças fazem “Crash”, do Cronenberg, soar como filme de Walt Disney, meio “batida para toda família”).

Antes, me parece que só existia falatório em blockbuster. Mas agora a coisa é generalizada (e basta ter UMA pessoa na sala que pronto… você não terá paz).

Nos últimos filmes que eu vi, a coisa seguiu mais ou menos assim:

“As Melhores Coisas do Mundo”: molecada aplaudindo toda vez que o Fiuk (o filho do Fábio Júnior, sucesso em “Malhação”, pra quem se interessa) aparecia. E, claro, gritando “beijo de língua nessa porra!” quando uma cena prometia ficar mais caliente.

“Atraídos pelo Crime”: dois engravatados se sentaram do meu lado (o que é difícil, pois eu rezo sempre na quarta ou quinta fileira a partir da tela). Eles carregavam três caminhões de pipoca e metade da produção deste mês da Coca-Cola. Um deles olhou pra mim e perguntou: “Quanto tempo faz que o filme começou? E aí? Já foram atraídos pelo crime? Rarara. Pegou?”. O resto da sessão foi recheada com as pérolas de praxe, como “ué, esse daí não é polícia?”, “puta gata gostosa!”, “o Richard Gere tá velhão hein?”, “qual o nome desse ator mesmo?” etc.

“Como Treinar Seu Dragão”: não vale porque é filme para os pequenos e em 3D. Nesse, eu mesmo gritei “vai, Banguela!” umas cinco vezes.

“Os Homens que Encaravam Cabras”: um sujeito atendeu o celular e comentou: “Estou no cinema… Oi? É alguma coisa com o George Clooney… É… Ovelhas… Puta merda, esqueci o nome do filme… Deixa eu perguntar aqui…”.

Não é brincadeira não.

Então, faço um apelo: detonem nesses comerciais de advertência, cacete!

Sei lá, contratem o Tarantino ou o Kinji Fukasaku, diretor de “Battle Royal”.

Mostrem as cabeças decepadas das pessoas que ousaram atender o celular na sala de cinema.

Apavorem os freqüentadores passando casos reais de cidadãos agredidos violentamente depois de não calarem a boca durante um filme.

Peguem depoimentos de cinéfilos ilibados como o LSP (nome fictício).

Ele assiste filmes com um martelo no bolso. Depois do terceiro “psiu”, se o cara não calar a boca, ele parte para a agressão (ainda bem que até agora as pessoas entenderam o recado na segunda advertência).

Ou façam uma espécie de lista de punição.

Alguém fica no corredor anotando quantas vezes você levou um “psiu”. Dois “psius” e você sai da sala (lembrem-se que no terceiro você pode levar uma martelada).

Proíbem o cigarro em lugares fechados, a coxinha na merenda, outdoors…

Mas na hora de fazer uma lei séria, que importa mesmo, ninguém faz nada.

Cadê a entidade de classe dos freqüentadores assíduos das salas de cinema?

Martelo neles!

Abaixo, meigas sugestões. Imaginem que a The Bride é você. E a turma do Crazy 88 representa aqueles pentelhos que insistem no papo durante o filme.

2 comentários em “The Bride contra os pentelhos

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