O livro Bilionários por Acaso, de Ben Mezrich, é um bom tira-gosto antes da estréia do filme A Rede Social, de David Fincher.
Ambos contam a rápida trajetória de Mark Zuckenberg, o criador do Facebook.
Se Ben não é nenhum ás da ficção para inventar imagens e promover climas, pelo menos é esperto o suficiente para nos deixar ligados e recriar boas tiradas.
Há uma grande sacada como eixo central: nunca conseguimos desvendar o protagonista. Zuckenberg não conversou com o autor do livro e preferiu inflar todos os mistérios que envolvem seu nome.
Como Boca de Ouro, Rashomon e tantas narrativas clássicas, vamos montando a provável complexa personalidade de Zuckenberg a partir do que as pessoas contam sobre ele.
É como se Gay Talese perfilasse um jovem nerd estudante de Harvard em vez de Frank Sinatra.
Assim, Ben também consegue se aprofundar em outros bons personagens, como Sean Parker, moleque referência do Vale do Silício; os gêmeos Winklevoss, atletas milionários e competidores de remo (a descrição da reunião deles com Larry Summers é hilária); e, claro, Eduardo Saverin, cofundador e primeiro mecenas do Facebook.
Há um interessante olhar sobre os motivos que levam alguém a criar um dos maiores negócios do nosso tempo: necessidade de ser aceito e mulheres.
Saber um pouco mais sobre Zuckenberg é espiar o espírito de nosso tempo.
UM FILME
Edgar Wright, diretor de Scott Pilgrim Contra o Mundo, poderia vir a público e fazer um bonito discurso contra o cinema brasileiro.
Ironicamente, eis um dos melhores filmes do ano expulso do mercado exibidor por causa da ocupação nacional (principalmente graças ao sucesso de “Tropa de Elite 2”).
A estréia de Scott Pilgrim…, baseado nos quadrinhos de Bryan Lee O’Malley, só aconteceu graças aos gritos de fãs na internet.
O protesto serviu para o filme ser exibido em três salas de São Paulo.
É pouco para algo tão inventivo.
O filme é uma rara bem sucedida mistura entre quadrinhos, cinema, roteiro e games. Sem contar o elenco, que parece ter sido escolhido seguindo recomendações de um Telê Santana. Todos estão estrategicamente escalados e jogando um futebol-arte.
Montagem e edição de som são capítulos extras, momentos para serem estudados.
Rendeu apenas US$ 30 milhões nos EUA. Uma daquelas injustiças do ano. Bem, como a seleção de 82, não?
Deve virar cult. Um filmaço.
UM TRAILER
Vampiros são legais. Zumbis sempre arrebentam. Mas misturar a poeira do velho oeste com naves alienígenas não tem preço.
Ano que vem teremos Jon Favreau mandando para as telas Cowboys & Aliens.
Um dos roteiristas é o Damon Lindelof, de Lost.
Coisas que só o cinema faz por você.

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