Abaixo, resenha do livro Sangue Errante, de James Ellroy, publicada na edição de junho da revista Rolling Stone.
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Abrir os livros de James Ellroy é tomar um tiro na cara.
Escritor de policiais antológicos (alguns adaptados com sucesso para as telas, como Dália Negra e Los Angeles – Cidade Proibida), Ellroy não só dá show quando escreve; sua vida também parece uma grande performance policial – ele já foi preso, viciado e teve a mãe assassinada.
Sua cabeça brilhante é esperada para a Flip deste ano, onde deve falar sobre Sangue Errante, última parte de uma trilogia que já teve Tabloide Americano e 6 Mil em Espécie.
O novo livro começa com um assalto cinematográfico em 1964, que envolve esmeraldas, muita grana e corpos carbonizados. Mas este será apenas o leitmotiv da brincadeira. O que interessa mesmo são os anos de 68 e 69. Nesse biênio, a história norte-americana foi estilhaçada por movimentos negros, pela eleição de Richard Nixon e pelos assassinatos de Martin Luther King e Robert Kennedy.
Os personagens de Sangue Errante são jovens psicopatas, racistas empedernidos, cinquentonas calibradas, revolucionários de araque e todo um elenco do submundo. Mas o royal straight flush de Ellroy vem ao incorporar na trama celebridades como o milionário Howard Hughes, o chefão do FBI, J. Edgar Hoover, e tantos outros.
A ação se passa entre Los Angeles e Las Vegas, mas com diversas paradas para vodu em ilhas do Caribe, mutretas em Miami e alguns crânios estourados em Cuba.
É como assistir a dois anos de história norte-americana contada por um professor cheirado e genial, capaz de ser engraçado, mas também cruel, ao relatar paranoias de fundir a cuca. Mesmo que tudo pareça complicado demais no início, vá em frente.

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