“Avenida Brasil”: pena que é novela

Avenida Brasil, a novela de João Emanuel Carneiro, é tão boa que está provando a mortalidade do gênero.

Rápida, dramática, engraçada, bem dirigida e com pelo menos meia dúzia de excelentes personagens, o texto e os atores nos conduzem com tanta graça – e alguma ousadia – que lamentamos não estar diante de uma série.

É com pesar que percebemos terríveis momentos de enrolação e de desperdício de dramaturgia. Um pensamento começa a ficar recorrente: “Tudo tão bom… Pena que é novela, então tem que encher lingüiça mesmo! Saco!”.

Os conflitos são construídos para surpreender (mesmo tendo desfechos inevitáveis), a vilã principal brilha, a molecada dá conta do recado, a história é envolvente… Mas é novela!

Aí a Nina (Débora Falabella) acaba virando uma sádica, porque tem que adiar sua vingança por uns cem capítulos (quantas horas de enfado?); o Leleco (Marcos Caruso) fica um chato com esse negócio de ciúmes; o lixão da Mãe Lucinda (Vera Holtz) se transforma em estacionamento de carro de bacana, tamanho o trânsito de gente que vai lá buscar “a verdade”; Jorginho (Cauã Reymond) nem sabe mais que joga futebol, tão ocupado que está em correr atrás de pistas falsas.

Vamos seguindo, né, fazer o quê? O blábláblá faz parte do negócio. E a nossa temporada de verão não começa daqui a pouco. Aliás, não temos temporada de verão na dramaturgia da TV brasileira.

Agora, imagine ter Avenida Brasil competindo com as temporadas fresquinhas de True Blood, Breaking Bad, Louis C.K. ou as novidades vindas de Aaron Sorkin e seu The Newsroom?

Claro que a Globo já está testando esse formato menor, mais bem acabado e resumido, que vai direto ao ponto, nessa faixa das 23h – vem aí Gabriela.

João Emanuel e sua turma estão matando a pau, consagrando elenco, técnicos e roteiristas. Pena que é novela.

Sei não, mas novela quando é boa mesmo acaba mostrando que ela poderia ser menor, mais rápida, menos… novela.

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