Pouca bunda e muitas séries

 

 

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Também amei a bunda da Paolla Oliveira.

Mas tudo sempre tem que parar nisso? A série Felizes para Sempre? (ponto de interrogação não funciona muito em títulos) apresentou algumas tentativas bem interessantes de aprimoramento da dramaturgia nacional. Não apenas atualizou o texto de Euclydes Marinho, como buscou uma pegada House of Cards – dizem – para mostrar Brasília (um lugar que mereceria aparecer muito mais no audiovisual).

Dia desses, logo depois do jogo do Corinthians, vi a abertura da série, com o João Miguel quebrando tudo, e fiquem bem impressionado.

Bem que a beleza estética de Paolla poderia dar tesão nos nossos portais e jornalões para eles passarem a contar com mais textos e análises profundas sobre como andam as séries brasileiras. A gente nunca sabe o que está acontecendo na dramaturgia que hoje o Brasil produz para a TV (com exceção das novelas, claro). Falta diálogo.

Enquanto isso, o governo injeta uma grana fenomenal no desenvolvimento de novas séries, núcleos de roteiristas, projetos etc. Quantas vão ver a luz da telinha? Ou melhor: quantas vão gerar algum conteúdo analítico? Ou, pra simplificar tudo: faltam produtos interessantes para os articulistas comentarem ou faltam articulistas interessantes?

Parece que tudo cai numa vala comum e ninguém mais sabe se as séries brasileiras realmente não geram repercussão porque ficam ali patinando no cabo ou se de fato estão sempre um passo atrás dos títulos estrangeiros.

Como essa brincadeira gera dinheiro (bastante), leis e movimenta a economia, é muito salutar comparar a cobertura da grande imprensa daqui com a dos EUA.

No Brasil, ficamos sempre na bunda e raramente viajamos pelo texto, fotografia, direção. Sorte da série que tem a Paolla Oliveira, assim chama alguma atenção.

Falta bunda e sobra série no país.

*

Um estudo publicado dia desses mostra o óbvio ululante: se você fica o dia inteiro em casa vendo séries, deve estar meio perturbado. Ora, perturbados estamos todos nós. Mais um motivo de preocupação: a TV norte-americana nunca produziu tanto como no ano passado. Este gráfico mostra que estamos enfrentando mal a epidemia. O vírus está se multiplicando com gosto.

*

David Simon vem aí. Isso é motivo suficiente pra gente lutar para o mundo resistir mais um tempinho ainda.

2 comentários em “Pouca bunda e muitas séries

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  1. Pois é, caro André. A meu ver nos faltam bons articulistas. Aqui os caras só falam sobre bunda, ibope, salário e imóveis dos artistas. Sinto muita falta de análises mais aprofundadas sobre a produção audiovisual brasuca – essa minissérie do Euclydes tem os seus problemas, mas é muito bem realizada. Eu acho que você devia tentar trazer mais textos sobre o que é feito aqui. Sei que é difícil, visto que a produção gringa é infinitamente maior e melhor, mas… fica aí a sugestão. 🙂

    1. Fala, Rodrigo. Pois é, mas você mesmo me desanimou, né. Haha. Mas tento acompanhar, sim. Mas às vezes esbarro na luta por trabalho e ego, pois atuo como roteirista e muitos coleguinhas podem levar a coisa toda para o pessoal e aí já viu. Difícil. Vamos tentar. Grande abraço.

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